terça-feira, 16 de novembro de 2010

Padre ou Pádua ?

Momento do PADRE ou PÁDUA. Qualquer um dos azuis pode chutar !


Desde sua origem, o Botãobol veio formando sua própria personalidade, ao longo de tantos e tantos anos, palhetado por dezenas de grandes botonistas que fizeram (e fazem) diretamente a história do futebol de botão. Em longos anos vividos, com certeza, muitas histórias podem ser contadas pelos que viveram o início do Botãobol e as gerações recentes da Bola de Borracha, se fazem curiosas em saber esses fatos que marcaram e deram a cara que o Botãobol tem hoje.
Na riqueza e beleza de suas jogadas, seus lances possuem, em sua maioria, vocábulos próprios, fruto de situações reais acontecidas em partidas de outrora, que deram origem a termos usados até os dias de hoje e que perpetuarão pelos anos vindouros. É o caso que contaremos a seguir:

Em várias situações de gol, pode acontecer da bola, ao ser executada uma determinada jogada, fique pronta para chute por um ou dois botões, podendo ser arrematada por qualquer um deles, cabendo ao técnico escolher o que melhor convier. Nesses lances, é comum se ouvir: "PADRE ou PÁDUA" ! Quem pratica o Botãobol, sabe que o chute será com um ou outro botão. Claro que haverá o aviso de qual botão executará o chute, porém, de onde veio esse termo ?

É então que recorro ao veterano Abiud Gomes, que outrora, em seu blog A MARRETA, contou-nos a seguinte história:

O Grande CHICO BARBOSA, num momento de arremate à gol !


Eis mais uma historinha do mundo do futebol de mesa. O fato ocorreu no século passado, mais precisamente na década de 50, na rua Montevidéu, palco de grandes acontecimentos mesafutebolísticos. Era a época romântica do futebol de botões, jogado em terraços, quintais e garagens. As personagens, todas amigas, alguns até com certo grau de parentesco. O que se via naquela fase de ouro era apenas uma rivalidade, porém, sem rancores. Após as batalhas, reinava um clima de paz e tranqüilidade. Alguns lamentos, é verdade, que depois se diluíam com facilidade e, então, novas pelejas já estavam se realizando. Assim era a vida esportiva na garagem do saudoso Aldiro Santos, um dos maiores botonistas do Recife e adepto da regra de celotex da Boa Vista, atual regra pernambucana de futebol de mesa, que adota a bola de borracha e um toque com cada botão, hoje, limitado a doze toques. Corria o campeonato e o encontro entre Montevidéu x Boca Juniors era aguardado com ansiedade. Pelo lado do Monte, dono do campo, seu treinador Aldiro tinha passado a semana toda se preparando para o grande embate. Do lado do Boca, Chico Barbosa confiava na precisão de seus chutes de longa distância, principalmente quando eram feitos pelo seu melhor atacante, o craque mais cobiçado da Liga, Sívori, um dos artilheiros da competição. Chega o grande dia e a platéia se posiciona para ver o embate mais aguardado daquele campeonato. Arlindo Vilaça, hoje também no Paraíso, assume a arbitragem da partida. Jogo nervoso, com muitas imperfeições e o primeiro tempo com duração de 20 minutos se escoando e nada do goal aparecer. Vem a segunda etapa e quando tudo parecia que o confronto terminaria empatado, eis que uma bola é lançada pelo Montevidéu e pára, exatamente na entrada da área, onde dois botões estavam em posição de arremate. Um arriscando o ângulo direito do goleiro e o outro com a mira no ângulo oposto. Sai da boca de Aldiro o clássico sinal de chute: lá, com Padre! Prontamente, Chico Barbosa posiciona o goleiro, fechando mais o ângulo direito e após o indefectível “pronto”, fica esperando o desfecho do lance. Aldiro então disposto no lado direito da mesa, dá uma volta no campo e se coloca no outro lado e chuta no ângulo esquerdo e marca o gol que lhe daria o título. Chico Barbosa, surpreso, indaga: você mandou colocar para o chute de Padre, mas quem chutou foi Pádua, pois todo mundo sabe que Padre é o botão preto, enquanto que Pádua é cinza! E, aí, como é que fica, Vilaça? Aldiro, então, mostrando todas a sua raposice, dando uma tragada profunda no cigarro, contesta: não, senhor! Padre agora é o cinza. Pode ver o nome grafado embaixo do botão. Ontem à noite eu fiz a troca! Revoltado, Chico retira-se de campo e Aldiro comemora o título de campeão. De resto, o que se sabe é que o episódio, toda vez que é lembrado causa um certo constrangimento no grande amigão Chico Barbosa, mas, a jogada caiu no folclore do botão e, hoje, em quase todas as partidas que são realizadas, quando uma equipe tenta um lançamento, onde haja dois botões para receber a bola em condições de arrematar a gol, é comum ouvir-se: Padre ou Pádua?

Publicado em A MARRETA ( www.abiud.blogspot.com ) em 06 de fevereiro de 2007, 
por Abiud Ferreira Gomes


Pois é, minha gente !  Com certeza, os dois grandes botonistas que protagonizaram a história,  não imaginavam que estariam escrevendo um capítulo pitoresquíssimo do futebol de botão pernambucano e que partindo dali, seus botões batizariam esta jogada, da até então REGRA PERNAMBUCANA, criando assim o folclore da Bola de Borracha !

Muitas outras histórias ainda existem, mas só com a ajuda destes veteranos de guerra, que viveram o nascimento da nossa regra, poderão contar com detalhes e passar para as gerações futuras, as raízes do MUNDO DO BOTÃO !!!

Abraços,

Hugo Alexandre - CHELSEA FCampeoníssimo



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